Normando Rodrigues Advogados

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22 de September de 2023

Por: Normando Rodrigues

O Pequeno, o Príncipe e o Mendigo

Normando Rodrigues

19 de setembro de 2023

 

A “lei dos terços” foi corroborada pela pesquisa Datafolha divulgada em 15 de setembro.

 

O 1° terço é o dos “Pequenos”, os de microscopia moral e liliputianismo intelectual característicos dos que se identificam em carne rota e espírito de porco com Bolsonaro.

 

São nanicos cognitivos dispostos, por exemplo, a incendiar escolas que ministrem educação sexual, como fizeram os neandertais belgas na semana passada. Alguns por acreditarem em mamadeira de piroca e outros porque são predadores sexuais e preferem que as crianças sejam mantidas presas indefesas, no reino da ignorância.

 

No mesmo dia em que era divulgada a pesquisa Datafolha, os “Pequenos” ocuparam a tribuna do STF, local antes tornado lixão físico pelos fascistas do brancaleônico 8/jan e agora feito de vomitório.

 

Um defensor, ex-juiz autorreputado, acusou autoridades de “lavarem as mãos como Pilatus” ante os crimes da circense tentativa de golpe, esquecendo que assim confessava a prática criminosa de seu cliente. Nos mesmos 10min o causídico pró-tortura chamou de tortura a prisão de terroristas, se cortados os salários públicos.

 

Mas riu-se mesmo foi do rábula do 2° réu, o que foi de Saint-Exupéry a Maquiavel para citar um dito que na verdade é de Santo Inácio de Loyola: “os fins justificam os meios”. E ainda chamou Pilatus de “Afonso”.

 

O próximo terço é o dos identificados com a direita não fascista disfarçada sob o nome de “Centro”. Querem ser os “Príncipes” e cultivam a meritocrática fé profana segundo a qual basta pensar e agir como os “Príncipes” para que príncipes sejam.

 

Em 1881 o anti-imperialista Mark Twain publicou seu “O príncipe e o mendigo” contra essa crença meritocrática e em denúncia do casuísmo de classe na aplicação da lei. Casuísmo típico dos pretensos “Príncipes” do pseudocentrista STF, que somente abandonaram os “Pequenos” por se terem tornado alvo do irracionalismo fascista e que indisfarçavelmente empinam narizes com nojo dos “Mendigos”.

 

O último terço é o dos que pensam o futuro do País a partir da ótica dos “Mendigos”, termo aqui usado como identidade de classe e não em sua literalidade, tal como “Pequenos” e “Príncipes”.

 

“Mendigos” de direitos são as 11 milhões de mulheres que criam filhos sozinhas, as 1,4 mil mulheres e 130 mulheres trans e travestis assassinadas em 22 por existirem, os 66% que vivem com menos de 1  salário mínimo, os 72% dos assassinados pelas polícias que o foram por serem negros, os 43 milhões de trabalhadores formais e outros 40 milhões de informais escravizados por uma CLT “modernizada” em padrões do século XIX.

 

Os “Mendigos”, por não saberem que são a maioria, terminam sempre devorados por “Pequenos” e por “Príncipes”.

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