6 de October de 2023
Por Carlos Pimenta
Dois eventos ocorridos na última semana de setembro chamam a atenção de todos, não pela surpresa, mas pela comprovação de alguns atributos típicos da alta cúpula das forças armadas brasileiras, quais sejam: covardia, arrogância, burrice e o fetiche por golpes.
Os dois primeiros atributos foram vistos na prática durante o depoimento, em condição de testemunha, do general heleno (com letra minúscula para demonstrar a moral rasteira) na CPMI dos atos golpistas do 8 de janeiro. Mesmo com o “salvo conduto” do Supremo, outorgado pelo ministro Cristiano Zanin, foi capaz de destilar uma série de contradições, atacar parlamentares como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), negar falas golpistas realizadas durante o governo bolsonaro, além de produzir provas contra si sem qualquer pudor.
A título de exemplo, ao alegar desconhecimento dos relatórios produzidos pela ABIN sobre os riscos dos acampamentos golpistas, o ex-chefe do GSI, além da impaciência e estupidez que lhe são próprias, demonstrou, seja por incapacidade ou por má-fé, toda a sua inaptidão para o exercício de um dos cargos mais importantes da inteligência brasileira.
Os advogados do general bem tentaram, mas a verdade é que heleno até poderia ficar em silêncio, apenas não possui essa habilidade. Aliás, nem os parlamentares golpistas de plantão foram capazes de ajudá-lo. O exótico desfile foi de um delirante Jorge Seif (PL-SC) ao estranho Magno Malta (PL-ES), coincidentemente ambos do mesmo partido e bolsonaristas.
Também visto do depoimento do general heleno, o terceiro atributo é sintetizado na, quiçá histórica, operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal contra o general ridauto, ex-diretor de Logística do Ministério de Saúde indicado pelo genocida general pazzuelo participante dos atos golpistas de 8 de janeiro. Cabe destacar que era integrante dos “kids pretos”, suposto grupo de elite do Exército e, pasmem, é consultor sobre planejamento estratégico.
Imagina a alegria de seus pares ao ver a quantidade de provas geradas da participação em um ato golpista por seu colega nas redes sociais.
O fetiche militar por golpes é algo intrínseco à sua atuação. Desde a proclamação da República a participação de militares em golpes e tentativa de golpes é algo tão corriqueiro que beira a banalidade. São atores que se confundem.
A análise dos fatos e da história permite a conclusão que os próprios atributos se justificam e se complementam: os militares em sua ânsia golpista cometem burrices porque são arrogantes e, quando a conjuntura não lhes é favorável, tornam-se covardes. Temos que acompanhar e avançar na investigação e punição de todos, civis e militares, para sepultar de vez a sanha golpista escancarada por bolsonaro e seu séquito.