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17 de December de 2024
O facismo venceu
Por: Normando Rodrigues
O escritor Philip K. Dick alcançou seu primeiro sucesso editorial com “The Man in the High Castle”, novela premiada que é muito mais do que uma “história alternativa”.
Escrito em 1962, no auge do Movimento dos Direitos Civis dos Negros, nos EUA, “O Homem no Castelo Alto” carrega uma importante mensagem: o poder político resultante da vitória militar sobre o fascismo deveria ser usado no combate ao preconceito, ao racismo e a todas as formas de discriminação, sob pena de a ideologia derrotada se tornar a vencedora do grande conflito encerrado em 1945.
Por um curto período, o legado de 70 milhões de mortos na Segunda Guerra foi honrado por iniciativas do tipo da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho, ambas de 1948. Parecia, então, que o fascismo realmente perdera a disputa.
No entanto, mesmo esses dois importantes marcos da civilização têm trajetórias indiciárias do oposto do que disseram as armas. A ideologia de Bolsonaro brota qual erva daninha em cada pequena fresta da pavimentação dos sempre relativizados Direitos Humanos, recorrendo por vezes a camuflagens como a do “direito penal do inimigo”, versão rebuscada do pedestre “direitos humanos para humanos direitos” (ou “de direita”, numa versão sincera).
Nos conflitos de trabalho, a Liberdade Sindical estampada na Conv. 87 em tempo algum foi eficaz nos EUA e no mundo periférico. No Brasil, nunca foi sequer estatuto jurídico.
É verdade que tanto o ato de “colocar” novos direitos, quanto o de “concretizar” direitos já postos, sempre foram tarefas hercúleas para a Classe Trabalhadora, ao passo que para os ricos a criação e aplicação de leis que os protejam é fácil e natural como ir ao shopping comprar gente. Convenhamos, porém, que tudo ficou pior com o fim da União Soviética e a sacralização do neoliberalismo.
Entre trinta e quarenta anos após o fim da Guerra, o fascismo encontrou excepcional amparo e afinidade no neoliberalismo. Ambos se sustentam num eficiente tripé de princípios: o irracionalismo, o individualismo e a mentira, combinação que arrebanha massas e as faz odiar Lula e o padre Júlio Lancellotti, e idolatrar um Silas Malafaia e um Tarcísio.
Fascistas de Freitas
A construção de um novo herói das multidões, animalesco e violento, extremamente egoísta e narcísico, e absolutamente mitomaníaco, é mais do que uma homenagem a Mussolini e Hitler, os “pais fundadores” do fascismo. É a grande vitória dessa ideologia.
Vitória que em boa parte se dá por “W.O.”, toda vez que a esquerda acredita ser bastante a denúncia neo-udenista dos malfeitos fascistas, para derrotar os hitlerzinhos de quintal. Isto não basta!
Não basta, porque cada líder fascista é líder exatamente por suas péssimas qualidades e não apesar delas. Do condutor fascista, a massa espera que seja o perfeito monstro que é, com uma imagem pessoal e pública sórdida, uma reputação calhorda e nenhum grau de confiança, senão na sinceridade das barbáries que vomita. Não há escândalo possível. São imunes à criminalização porque já conhecidos e escolhidos dentre criminosos contumazes.
Atitudes atavicamente violentas, cativam. Ver Tarcísio martelar o rodoanel como um proto-humano do paleolítico, satisfaz a impotência existencial de seus eleitores. Saber que a polícia injustificadamente militar de Tarcísio matou neste ano 700 pretos, pobres e universitários latinos, aquece os corações de sua horda e lhes insufla um falso sentimento de segurança. Para justificar Tarcísio, é suficiente o “se morreu, é porque fez coisa errada”, ainda que seja um menino Ryan, de 4 anos de idade.
Na “grande política” dá-se o mesmo. Tarcísio participou de todas as reuniões golpistas do governo Bolsonaro e se juntou ao Mito no dia da reunião que discutiu a minuta do golpe de estado? Ótimo! Para a “Folha” e o “Estadão”, isso apenas qualifica seu candidato presidencial de 2026.
O banco…
Até aqui, olhamos a chuva tóxica. Examinemos as gordas nuvens que as deitam, para entender a opção por forças políticas incivilizadas.
Há décadas se sabe da promiscuidade entre bancos e fascismo, concubinato que vai do financiamento daqueles “pais fundadores” às efusivas disparadas dos mercados em reação à recente vitória de Trump, passando pela apropriação Suíça do patrimônio das vítimas do Holocausto judeu e pelo financiamento da rapina dos recursos naturais de Gaza, disponibilizados pelo genocídio do povo palestino.
Não custa lembrar que, por aqui, os bancos deram literalmente crédito e lastro às derrubadas de João Goulart e de Dilma Roussef, e desta apesar de lhes ter entregado diretamente a maior parte do orçamento da União, ficando o restante sob permanente disputa.
A história da ganância financeira demonstra que não se consegue satisfazer o pantagruélico “Mercado” (aquela meia dúzia de famílias hiper-ultra-abonadas) a despeito de lhe servirem o Banco Central em bandeja de prata. Não existe outro segmento social – nem mesmo o dos agrotrogloditas, ou o dos Magistrados Ilimitados S.A. – com consciência de classe comparável à dos detentores de poder decisório nos grandes fundos de investimento, dos quais as nababescas famílias Safra (Banco Safra), Aguiar (Bradesco), Moreira Salles (Unibanco), Setúbal (Itaú) e Villela (Itausa, controladora do “Itaú Unibanco”) são marionetes.
Esse é um fato central a ser considerado na medonha luta de classes sobre o orçamento da União. Por maior que seja o tamanho do “corte” na já estreita fatia do dinheiro público destinado aos pobres, os fundos e seus banqueiros estarão contra Lula em 2026, assim como apoiaram Trump neste ano. Se o “Bolsonaro da vez” for flagrado a devorar churrasquinho de bebês humanos em praça pública, inabalavelmente será o candidato do capital especulativo, contra Lula. O dinheiro não tem cheiro e seus candidatos não fedem.
… e a fábrica
Já a indústria, determinante para a existência do modo de produção, teve seu pátio interno assaz alterado. As grandes concentrações de trabalhadores em plantas fabris foram dizimadas pela automação e isso alterou por completo, o jogo.
O fenômeno não é particularmente novo (era já analisado por um certo Carlos Henrique Marx), mas a partir dele a burguesia parece ter elaborado o seguinte paradoxo político: se a produção não mais depende da concentração “em massa” de trabalhadores, porque deveriam os ricos manter uma sociedade “de massas”, organizada em uma democracia representativa “de massas”?
Talvez (conjectura merecedora de detidas observações) derivem da indisposição do capital do século XXI para com o sufrágio universal: (i) sua indiferença à mudança climática e eventos extremos; (ii) a amabilidade que dedica aos ressuscitados monstros fascistas e; (iii) sua desenvolta e pacífica naturalização do extermínio de povos.
O Extermínio é natural
A naturalização do genocídio parece corresponder precisamente à naturalização da economia neoliberal. Note-se como o “experimento” Milei é celebrado pela mídia hegemônica: “muito interessante” , “promissor” e “inovador”, nos grandes pasquins brasileiros. No outro hemisfério, a vetusta “The Economist” chegou a destacar que outros chefes de estado têm muito a aprender com o tosco interlocutor de espíritos de cães.
Mediunidades à parte, é de todo irrelevante para os empolgados comentaristas econômicos que metade da população argentina tenha sido lançada à miséria e que também à metade tenha sido reduzido o consumo nacional de carne e de leite. São as “naturais dores do parto da nova ordem”, uma ordem na qual os “ineptos” pobres devem morrer por seletivo resultado de seu insucesso pessoal.
Embora a aberração Milei infelizmente não seja única, há um dado interessante que pode estar ligado à visão de mundo hierarquizada e excludente que fez de um esotérico economista fracassado o presidente da república platina. Um dado entre outros, talvez significativo: o agro, na Argentina, carrega perto de 25% do PIB.
O Ogro
A realidade brasileira seria semelhante, segundo o “insuspeito” CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da secular ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) de Piracicaba: toda a cadeia produtiva do ogronegócio tupiniquim responderia por 23% do PIB, num cálculo que evidentemente hipertrofia a azeitona da própria empada.
Embora nos EUA o volume do agro no PIB esteja na casa dos 6% (número próximo do brasileiro, pelo IBGE), o peso político dos ricos e remediados do campo, ogro-empresários e enriquecidos latifundiários, é lá desproporcional, como o é aqui.
Talvez pior do que a carga econômica e política do agro, a cultura e as relações de trabalho disseminadas a partir dessa atividade são considerável e genuinamente machistas, racistas e escravistas, lá e cá.
Lá, não por acaso a grande inspiração para “O Homem no Castelo Alto” de Philip K. Dick, fora o romance “Bring the Jubilee”, lançado nove anos antes pelo do mesmo modo ficcionista Ward Moore. Na trama, o Sul escravocrata (Confederação) ganhara a Guerra de Secessão. Daí, no séc. XX, as minorias negra e latina seriam destituídas de cidadania e o imperialismo americano avançaria sobre o México e as américas Central e do Sul.
É incômoda a proximidade entre a distopia de “Bring the Jubilee” e a realidade dos Estados Unidos que reelegeu Trump. Veja-se que o homem de cabelo laranja e o ogronegócio americano acabam de chegar a um acordo sobre os imigrantes ilegais: a prometida deportação em massa poupará os novos escravizados, dos quais as lavouras gringas dependem. Tal proximidade leva a uma não menos perturbadora indagação, no estilo daquela de “The Man in the High Castle”: foi mesmo a União, o lado vitorioso na Guerra Civil Americana?
Cá, para evidenciar o escravismo, mire-se na libertação de 3 mil trabalhadores, saídos de senzalas graças ao governo Lula em 2023, sem que nenhum escravizador tenha sido preso, para não provocar mal humor no Mercado.
Junte-se a isso a lamentosa fala do agrônomo Ricardo Arantes que, cinco dias após a vitória de Trump, amaldiçoou em pódi-quésti agrotroglodita as políticas de incentivo à educação dos governos do PT: “fazem o menino largar o cavalo pelo estudo”; “daqui a uns anos não vamos ter peão”. Esse é o ogronegócio que, na abalizada fala de Mauro-pega-rapaz-Cid, pressionava Bolsonaro para dar golpe de estado.
Se é natural e óbvia a relação entre o ogronegócio oitocentista e candidaturas fascistas promitentes de redução ou aniquilamento da democracia, menos evidente é a opção das classes sociais “fornecedoras de peões” pelos mesmos senhores escravizadores de peões.
A questão comporta mais explicações do que podemos desenvolver. Fiquemos com três: a “feira”, o “fertilizante” e a “colheita”.
A feira
Lá, dentre as muitas causas concorrentes para o deslizamento de terra que abafou pretensões “democratas” e “democráticas” nos EUA, está a inflação do baixo consumo (basicamente a dos alimentos e dos gêneros e serviços de primeira necessidade, como energia elétrica).
Cá, pouco se escreveu sobre o mesmo impacto nas eleições de 24. Todavia, desde a posse de Lula, em janeiro de 23, se podem ouvir nos ônibus, trens e metrôs, queixas constantes e consistentes sobre o custo de vida. E as razões para tais reclamações se avolumam. Em outubro deste ano, os preços do café da manhã dos brasileiros foram o principal impulsionador da inflação de alimentos, a maior desde o último ano de Bolsonaro.
A faixa de renda baixa é a martirizada pela inflação em 2024, computada em 3,43%, ao passo que nas camadas sociais acima, a taxa é de 2,92%. Aqueles que acham a diferença pequena, devem ser lembrados de que o peso relativo do consumo de subsistência é diferenciado no orçamento das classes: desprezível para os ricos, moderado para os ajeitados e esmagador para os pobres.
Esse não é um problema qualquer, guardando potencial para um desastre eleitoral em 2026 maior do que a lapada que a esquerda brasileira tomou neste ano. E seu enfrentamento não é nada simples. Por exemplo, lá, o governo Biden, que parecia ter obtido relativo êxito nesta frente, percebeu nas urnas que o custo da alimentação se manteve elevado.
O fato é que a inflação do consumo de baixa renda parece ser uma constante em todo o Ocidente desde o fim da pandemia e vem sendo relacionada à alternância de forças políticas. Grosso modo, seria uma importante variável na construção de uma gangorra política na qual quem está no governo não se reelege. Lembra de Aécio falando de “alternância” em 2014? Pois é! Temos aí um óbvio alerta quanto à instável chance de reeleição de Lula.
De modo semelhante, um outro ingrediente que comporia esse quadro sombrio seria o desemprego. Cá, certos consultores econômicos leram na derrota da esquerda, nas últimas eleições municipais, o reflexo da irrealidade do baixo desemprego: a taxa calculada pelo IBGE (outro questionamento aos números do instituto) estaria descalibrada ao desconsiderar a migração da população já ocupada, do emprego informal para a carteira assinada.
Essas duas hipóteses, relativas à inflação e ao desemprego, anunciariam que os instrumentos de medição da realidade à disposição do governo não permitem captar a real percepção desses temas pela população.
Um detalhe importante da teoria do apeamento pela inflação dos pobres” e pelo desemprego, é que essa explicação se relacionaria às frequente vitórias da extrema-direita nas urnas. Afinal, se as forças políticas tradicionais brincam de gangorra e se alternam nos governos sem que a situação dos excluídos se altere, o descrédito no “sistema” prepara o terreno para o fascismo e seus “explosivos” representantes cabeça-oca.
Ainda assim, isso tudo não é suficiente para esclarecer o recrudescimento do machismo, do racismo, da homofobia, dos preconceitos social e regional, e o retrocesso cultural, em geral. O monstro se tem manifestado mais e mais, seja na tentativa de proteger pedófilos e estupradores com a proibição absoluta do aborto, seja nas vaias de bem-nascidos alunos da PUC a cotistas da USP.
É preciso ir além de condicionantes econômicos para explicar o desavergonhado apoio de um Fascista de Freitas a um Bolsonaro a esta altura despido em praça pública.
“Não é só” a economia, estúpido!
Para não ir longe, os protestos do inverno de 2013 demonstraram que a população pode ser beneficiada pelos maiores orçamentos públicos da história do país para saúde e educação, em termos absolutos e relativos, e ser levada às ruas contra o governo, reivindicando saúde e educação.
Protestos, lembremos, que causaram a negativa de Aécio (é a última menção ao “Senador pelo Leblon”, prometo!) ao reconhecimento de sua derrota em 2014; o boicote radical do PSDB ao governo “Dilma 2”; a entrega da política econômica ao Bradesco, via Joaquim Levi e seu desastre recessivo; e, por fim, o hipócrita e desestabilizante impedimento de Dilma.
Para desconstruir a ideia de que o fascismo resulta apenas de um determinismo econômico, devemos pensar em múltiplos ingredientes, dos quais dois podem fornecer boas interpretações. Em homenagem à agricultura familiar, pensemos em “fertilizantes” e na “colheitadeira”.
“Fertilizantes” são as situações geradoras de ressentimentos e as narrativas que os estimulem. Por óbvio, a abissal desigualdade social brasileira é uma rica substância para a fabricação de ressentimentos. Da mesma forma, os efeitos sociais concretos, resultantes das políticas neoliberais de austeridade, estercaram campos e mais campos onde vicejam gérmens fascistas, aponta a economista italiana Clara Mattei.
Depois de fertilizar e deixar crescer, vem a colheita desse ressentimento e seu direcionamento contra judeus ou palestinos, negros ou latinos, homossexuais ou petistas. Aí entra “a máquina”. A “colheiradeira”. A ela vem se dedicando um outro pesquisador italiano, Paolo Demuru. Em sua análise, Demuru examinou o método da sedução fascista atuando sobre o terreno já “fertilizado” (desencanto com o “sistema” e com a “política”, provocados pelo neoliberalismo), descrevendo a capacidade das lideranças fascistas mobilizarem pessoas comuns, que a princípio seriam incapazes de atitudes extremistas.
Demuru destaca apropriadamente a “elasticidade” da narrativa fascista. O fascismo se vale do discurso religioso para criar conexões com uma das mais primárias formas de saber, o conhecimento místico; expõe falsas preocupações com o bem-estar familiar e social; e constrói fantasias conspiratórias.
Por último, entra o alvo, o inimigo de ocasião. De Joseph Goebbels a Donald Trump, todos os discursos fascistas têm em comum o direcionamento contra um inimigo construído, que serve para falsear a contradição fundamental da ideologia de Bolsonaro. Lideranças mal-educadas e boquirrotas, que se apresentam contra a “grande conspiração” da burguesia, da corrupção, do sistema e dos poderosos, apenas para defender a burguesia, a corrupção, o sistema e os poderosos.
A colheita
Assim como nos anos de 1920 na Itália e de 1930 na Alemanha, o grande feito fascista realizado na vitória de Trump em 2024 foi consolidar um amplo e diverso eleitorado, irmanado pelo ressentimento fertilizante e posto em marcha pela colheitadeira do ódio direcionado.
Trump colheu maiorias em culturas e classes diversas, ao canalizar a ira das massas contra uma “elite” abstrata, definição que abrange aqueles com formação universitária, com um mínimo conhecimento científico e com alguma mentalidade progressista. Foi a exploração clássica e reacionária do ressentimento de classe como amálgama de “red necks” e de latinos, de negros e de árabes. E a chamada “pauta de costumes” fascista, teve papel de destaque nessa aglutinação.
Grades não prendem ideias
Tudo sopesado, a perspectiva da condenação e prisão de Bolsonaro, e de seu brancaleônico bando de golpistas – cenário que não está livre de uma eventual e imoral anistia – soa quase como indiferente, no combate maior contra o fascismo.
Claro, colocar a ferros militares que atentaram contra o Estado Democrático de Direito seria um feito inédito na história da República e possibilitaria repensar o papel das forças armadas numa democracia. Talvez, quem sabe, a sociedade civil até passasse a exercer controle cotidiano sobre a formação militar (compreendidos aqui o ensino e a doutrinação), como fazem os Estados Unidos há 180 anos.
Mas, enquanto medida efetiva de disputa ideológica contra o fascismo, a energia potencial de condenações judiciais é duvidosa. O valor simbólico da necessária e devida sanção penal, apenas por si, moveria quando muito um ponto percentual no tabuleiro político.
Além do que já apontamos acima (o líder fascista é sempre líder porque já reconhecido como criminoso, e não apesar disso), o fascismo não se ancora em uma única liderança popular, abjeta, tosca e brutal. Por sua natureza anticientífica e escassa cognição, por sua ética perversa e moral desonesta, o fascismo pode de hora para outra incensar qualquer bufão, marcial ou “marçal”, e o tornar competitivo.
Existem, é claro, os “plus a mais”. Caso o fascismo possa lançar mão de um ex-milico com mestrado no IME, versado em chacinas de pretos e pobres no Haiti, e que além disso seja capaz de privatizar tudo a simiescas marteladas, capaz de entregar a educação pública a papa-defuntos, e capaz de matar crianças de 4 anos em nome da paz dos ricos e da segurança jurídica, aí então o mercado sorrirá em dólares.
E, satisfeitos com os sorrisos de seus senhores, os jornalões normalizarão cada vez mais Fascista de Freitas, o Tarcísio da hora, tornando real a história alternativa de “O homem no Castelo Alto”.