
14 de October de 2025
Sai o ministro dos punhos de renda.
E do altivo nariz de quem pisou em algo fétido e pastoso num dia de Rio 40 °C.
Mas quem é?
É alguém que, em 2016, disse que o impeachment de Dilma não foi o que foi — um GOLPE DE ESTADO “com o Supremo, com tudo” — mas hoje reconhece que não havia Crime de Responsabilidade que justificasse o afastamento da presidenta.
No mesmo ano, esse alguém chancelou o Teto de Gastos de Temer, o Usurpador, limitando drasticamente a capacidade do Estado de afirmar direitos sociais. Nisso foi coerente, pois desde o berço defende qualquer coisa que reduza o papel do Estado.
No ano seguinte, ainda coerentemente, pregou apaixonadamente pela destruição do sistema de proteção ao trabalhador da CLT, apoiando a Contrarreforma do Golpe e sentenciando que “os sindicatos atrapalham”. Foi também um entusiasta da terceirização irrestrita, que precarizou milhões de relações de trabalho e rebaixou salários em todo o país.
Em 2018, o sujeito completou a tríplice coroa: votou pela prisão de Lula, contra a suspeição do suspeitíssimo Moro, o Apedeuta, e, no TSE, garantiu que Bolsonaro fosse o único candidato presidencial que pudesse distribuir camisas de campanha.
Ah, registre-se que, então, o sujeito via na campanha de Bolsonaro uma virtuosa “demanda por integridade, idealismo, patriotismo…”
Mas a lista não para. Foi ele quem votou a favor da privatização da Eletrobras, contra o direito de greve no serviço público, e a favor da “reforma” da Previdência — um projeto que empurrou milhões de brasileiros à informalidade e ao desamparo. Também foi favorável à redução da competência da Justiça do Trabalho e contrário à ultratividade das normas coletivas, desmontando conquistas históricas da classe trabalhadora.
Como os fascistas empoderados passaram cedo a atacar o STF, o sujeito se perfilou e virou um defensor da instituição. Isso para, no apagar das luzes de sua vida togada, lançar outra “ponte para o passado”, oferecendo apoio à redução das penas impostas aos golpistas de 8 de janeiro.
Barroso vai embora com um legado de ataques à classe trabalhadora, dizendo que quer se dedicar à literatura e à poesia. Quer estar mais próximo das palavras e longe da política. De todas as palavras, não deixará aquela exclusiva de nossa língua, saudade.