14 de novembro de 2024
Por Antonio Carlos Rangel
Ao final do belíssimo filme “Ainda estou aqui”, um pequeno texto aparece na tela para nos recordar que os militares assassinos de Rubens Paiva escaparam, impunes.
O tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho, sob o comando do major José Antônio Nogueira Belham, atuando no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), na rua Barão de Mesquita, Tijuca, Rio de Janeiro, torturou Rubens Paiva até a morte. Estes militares, mais três que ajudaram a dar sumiço no corpo para sempre, ficaram impunes.
O STF demorou, e 3 desses acusados de assassinar Rubens Paiva já morreram, sem julgamento.
O homem fascista que detonou explosivos ontem, em Brasília, e se suicidou em seguida, certamente se sentiu estimulado ao ato criminoso, dentre outros fatores, pela impunidade.
Assim como em 8 de janeiro de 2023 milhares de bolsonaristas fascistas se sentiram à vontade, respaldados pela impunidade, para uma tentativa de golpe que vandalizou a capital federal e que por pouco não terminou em tragédia maior que a própria tentativa de golpe.
Seguimos assim, à base da impunidade e ausência de acerto de contas com a nossa história, desde o golpe consumado de 1964. Argentina, Uruguai e Chile fizeram esse acerto, cada um à sua maneira. Nós não! E estamos pagando caro, muito caro, por isso.
Até o momento, os grandes mentores da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 seguem impunes, a começar do principal deles, o ex-presidente da República.
Após mais esse episódio de ontem, teremos coragem para, finalmente, dar um basta à impunidade histórica da extrema-direita fascista e golpista?
A memória de Rubens Paiva, Vladimir Herzog, Frei Tito, e de tantos e tantos outros, agradeceria.